TELEVISÃO | As minhas Séries de Comédia favoritas

Não sendo muito esquisita no que a conteúdos televisivos diz respeito, sempre tive uma preferência por séries mais dramáticas, históricas ou de acção e nunca dei grande oportunidade às séries de comédia. Erradamente, sempre considerei que não tinham muito para acrescentar, ou que eram desprovidas de nexo e/ou que seria difícil fazerem-me rir como esperava. Não podia estar mais errada.

Ultimamente tenho procurado também conteúdos que não me obriguem a despender muita energia, nem me façam pensar demasiado. Tenho procurado um refugio em series que me deixem bem disposta e me permitam passar um bom bocado. E foi isso que encontrei. Estas quatro séries de que vos falo em baixo são mais do que conhecidas, algumas até já com a sua dose de temporadas e uma já finda. Mas tendo em conta a minha resistência prévia a séries de comédia, é compreensível que apenas recentemente tenha começado a descobrir o seu encanto.


LIVROS | A Montanha Entre Nós, Charles Martin


Sabem aqueles livros que deixamos na estante, sob a promessa de os lermos em breve, mas que ficam esquecidos quando adquirimos novos? Foi o que aconteceu com este de Charles Martin que resgatei dos confins da minha estante, já com uma camada de pó, quando soube que iria ter uma adaptação para o cinema. Se há coisa que gosto, é de ler os livros antes de ver a sua versão cinematográfica e, neste caso, não quis que fosse diferente.

Erradamente assumi que A Montanha entre Nós se trataria de uma tragédia demasiado romanceada, irrealista e até previsível, daí ter adiado alguns anos a sua leitura, até ao ponto de me esquecer que o tinha alguma vez comprado. Foi por acaso que reconheci o título do trailer e que a sinopse me soou conhecida e não tardei a procurá-lo na estante e a dar-lhe vida nas minhas mãos.

Li o livro em cinco dias e acabei surpreendida com o desenrolar da história. Charles Martin apresenta-nos duas personagens cujas vidas se cruzam quando o vôo de ambos é cancelado devido ao mau tempo. Desejosos de regressar a casa - Ben porque é médico e tem uma cirurgia marcada, e Ashley que casará daí a dois dias - decidem contratar um piloto privado para assim chegar a tempo aos seus compromissos. E é aqui que a aventura e a tragédia começam. O avião cai no topo de uma montanha, deixando Ashley e Ben (e Tank, o cão do piloto) sozinhos e isolados, em perigo e sem qualquer ajuda.


Todo o livro é uma descrição bastante rica da luta pela sobrevivência, de dois estranhos que se vêem confrontados com a dor, o frio, a fome e a possibilidade de nunca serem salvos, tendo de confiar um no outro para encontrar recursos e soluções, de forma a escapar com vida. Analisando a descrição é fácil fazer a assumpção de que é mais uma história de sobrevivência, no meio de uma tragédia. Mas é mais do que isso. Tem o seu factor de surpresa e imprevisibilidade que, para mim, conferem ao livro uma maior riqueza. É a história de duas personagens que, mais do que tudo, procuram sobreviver e regressar para junto dos seus e que se sustentam na força das memórias para ultrapassar uma situação aterradora. 

Admito que não seja uma história extremamente rica e surpreendente. Tem os seus lugares comuns, e é um pouco conveniente e previsível, aqui e ali, mas não deixa de ser uma boa história, que entretém e é até indutora de alguma ansiedade. Destaco a relação de cumplicidade entre Ben e Ashley que, através do sarcasmo e ironia, proporcionam momentos de algum humor, como forma de superar a tragédia. Sem esquecer as mensagens que Ben vai deixando à sua mulher, no gravador que transporta sempre consigo, que são enternecedoras e vão revelando um pouco mais sobre esta personagem, página a página. 

A Montanha Entre Nós destaca o poder da resistência humana e ainda que não tenha sido dos melhores livros que já li, deixou-me com curiosidade para ver o filme, protagonizado por Kate Winslet e Idris Elba, com data de estreia nos cinemas portugueses a 30 de Novembro.

Já leram o livro? Têm uma opinião diferente?

Título Original: The Mountain Between Us
Ano de lançamento: 2010
Páginas: 359

VIDA PROFISSIONAL | Quando as respostas não chegam...

Quando no mês de Julho do ano passado terminei o mestrado em Neuropsicologia Aplicada, nada fazia prever que, ao fim de um ano, ainda estaria a aguardar uma resposta positiva que me permitisse iniciar o estágio profissional para a Ordem dos Psicólogos, a fim de dar início à minha vida profissional. Nada.

O dia trinta e um de Julho de dois mil e dezasseis foi o meu último enquanto estagiária do Gabinete de Neuropsicologia do Hospital e foi um dia de emoções variadas. Foi o dia das últimas vezes enquanto estagiária – a última vez a entrar no gabinete, a última vez a sair do gabinete, a última vez a vestir a bata três tamanhos acima (verdade, era um vestido), a última vez que chamei os utentes pelo intercomunicador, que dei os últimos apertos de mão, a última vez que tomei café no bar do Hospital e que almocei com a Rita, às duas horas da tarde, a última vez que redigi um relatório e dei uma avaliação por terminada, que fiquei horas no arquivo à procura de um processo, a última vez que subi até aos internamentos e conheci histórias de vida diferentes, a última vez que percorri os corredores quentes do hospital e que me perdi de cada vez que tinha de ir a um sitio diferente. Foram as últimas vezes como estagiária curricular que permitiram muitas primeiras.

Estes dez meses marcaram a primeira vez que senti que o meu trabalho fazia a diferença, a primeira vez que me senti útil e valorizada na minha área, a primeira vez que recebi elogios sinceros ao meu esforço e dedicação, a primeira vez que acreditaram que conseguia superar-me e que me fizeram acreditar que era capaz. Despedi-me de tudo com um brilho nos olhos, sabendo que iria sair de lá uma Inês diferente, com mais saber, experiência e mais bagagem de vida... de vidas.

Um ano depois continuo à espera e aprendi novos sentidos da palavra resiliência. Já chorei muito e já recuperei a força e a motivação muitas mais vezes. Acredito que a minha oportunidade está a chegar em breve e não posso, nem quero, baixar os braços e deixar de tentar. Não tem sido um processo fácil - viver em constante expectativa e ansiedade por algo que tarda em chegar e, pior ainda, sem qualquer feedback ou previsão, tem-me deixado cansada e desmotivada. Fica tudo em suspenso... 

No entanto esta minha espera não é, nem nunca foi, feita de braços cruzados. Fui a várias entrevistas, fiz inúmeros contactos e pedidos e desloquei-me a algumas instituições, apresentando uma proposta de estágio. Mas tendo em conta as exigências da Ordem a que pertencerei, nem todas - ou quase nenhumas - as instituiçõesm disponibilidade e/ou condições para as cumprir, tornando esta etapa completamente desesperante e quase impossível de cumprir. Felizmente tive a receptividade de um centro de reabilitação, na área da Paralisia Cerebral, onde estou, há cerca de seis meses, a realizar um estágio de observação, enquanto aguardo pela aprovação do estágio profissional. Foi-me concedida esta oportunidade, que agarrei de imediato e, desde então, a minha esperança tem vindo a crescer.

Durante este tempo tenho procurado enriquecer os meus conhecimentos e o meu currículo e, no espaço de um ano realizei dois cursos de formação avançada. No meio de tudo isto, tenho tido sorte - sim -, porque não estou parada. Acho que o pior de tudo é mesmo a ausência de actividade e a sensação de nos entregarmos à frustração quando parece que estamos a remar no sentido oposto à corrente. É importante que nos mantenhamos activos e ocupados, evitando assim os pensamentos negativos de ineficácia e desvalorização, que tanto teimam em aparecer quando estamos mais em baixo. 

Quero com isto dizer que, apesar de nem todos os caminhos serem fáceis - alguns com mais solavancos e desvios, do que outros -, importa que não desistamos, nem deixemos de fazer esse caminho quando as coisas se complicam. Claro que é importante perceber se determinado esforço vale a pena, em prol de determinado desfecho, mas quando percebemos que sim, então que avancemos com toda a força e motivação, pois no final o resultado será muito mais prazeroso. 

CINEMA | Collateral Beauty (2016)

Ontem voltei a ver o filme Collateral Beauty, depois de o ter visto pela primeira vez quando estreou no cinema. Na altura fui com duas amigas, sem qualquer ideia do filme que iríamos escolher. Por isso, naturalmente, a escolha foi feita com base no cartaz, no nome do filme e no grupo de actores que o compunha. E, dessa forma, foi impossível ignorar e não escolher um filme que no mesmo ecrã reunia Will Smith, Kate Winslet, Edward Norton, Helen Mirren e Keira Knightley. Certo? Ontem reparei que tinha dado num dos canais de cinema, há alguns dias, e não quis perder a oportunidade de o rever e mostrar à minha família.

O filme centra-se em Howard - a personagem interpretada por Will Smith -, que vive uma depressão profunda, após ter passado por uma tragédia pessoal. Howard vive em completo estado de alienação de tudo o que o rodeia, negligenciando a sua vida profissional, os seus amigos, e ele próprio. Num acto de desespero decide escrever três cartas endereçadas ao Tempo, ao Amor e à Morte, desabafando a sua angústia e raiva relativamente a cada um destes conceitos. A surpresa acontece quando recebe respostas que não esperava, numa tentativa de ser ajudado a ultrapassar o pior momento da sua vida. 

O filme fala, essencialmente, sobre a morte - esse monstro difícil de aceitar - e o luto, e na forma como é vivido de forma diferente, conforme a singularidade e os recursos de cada um. Aborda a vivência difícil que é perder-se alguém que se ama e ver-se confrontado com a continuação da vida, quando já não se encontra sentido para ela. Este foi, sem grandes dúvidas, um dos melhores filmes que vi ultimamente. Surpreendeu-me muito pela excelente mensagem que passou e pela originalidade na forma como o tema foi apresentado. Está carregado de mensagens subliminares e é uma história emocionante e poderosa que, apesar de tocar num tema difícil, é suavizada pela forma como escolheram abordá-la, mostrando que com os ingredientes e intervenientes necessários, com mais ou menos tempo, é possível ultrapassar uma situação completamente disruptiva e destruidora. 

É um filme que recomendo, por ser um bom Drama, inteligente, provocador e triste, mas não ao ponto de nos deixar completamente de rastos, mas daqueles cujo fim nos aquece o coração. Afinal é envolto em todo o espírito do Natal e Ano Novo - Esta que é a época das reflexões e na qual passamos tanto tempo a recordar o que foi feito, quanto a pensar no futuro, numa tentativa de fazer melhor. O filme facilita reflexões e possibilita novos começos e encaixa perfeitamente num serão de fim-de-semana, com o aconchego de uma manta, junto das nossas pessoas.


Já conheciam o filme? Quais são as vossas opiniões?