RETROSPECTIVA | Setembro 2017

Não sendo a maior fã de grandes alterações na minha rotina diária, sempre gostei da mudança que o final do Verão carrega. Tal como quando andava na escola e faculdade, a chegada de Setembro significava sempre um novo rumo, novos caminhos, novas pessoas, cheiros e rotinas. Mais do que o ano novo civil, um novo ano lectivo transmitiu-me sempre uma sensação de renovação, reinvenção e uma nova oportunidade para construir e fazer de novo ou simplesmente para dar uma nova roupagem ao que está a ser feito. E foi com esta sensação de renovação que comecei Setembro.

A três meses do final do ano, Setembro chegou com novidades, regressos à rotina e a possibilidade de novos projectos. Foi um mês de aniversários de pessoas importantes, de celebrar etapas e lembrar momentos marcantes. De aproveitar os últimos dias de um verão muito positivo e de fazer alguns planos e marcações na agenda, como não conseguia fazer há já alguns meses. 

Em Setembro retomei o estágio de observação que iniciei em Maio; inscrevi-me e comecei um curso de formação avançada numa área da Psicologia em que sinto que devo investir; fui a mais uma entrevista e voltei à carga e contactei, novamente, dezenas de instituições, propondo um estágio profissional. Nem sempre é fácil encontrar a motivação certa para continuar a insistir, sem desanimar. Mas sei que só tentando muito e insistindo e lembrando que estou aqui é que conseguirei uma oportunidade.

Em Setembro também li mais do que nos meses precedentes e investi em mais literatura, comprometendo-me a ler num registo praticamente diário. A leitura sempre fez parte da minha vida, mas nos últimos dois anos negligenciei este meu gosto, porque não consegui conciliá-lo com a exigência do mestrado. Mas estou a redimir-me e com muita motivação para me perder por entre muitas páginas de histórias. 

Com Setembro chegou o Outono que é, provavelmente, uma das minhas estações de eleição. Sou uma pessoa de tempo ameno e por isso recebo de braços abertos - e casacos a postos -, a estação das folhas no chão, das cores terra, das castanhas assadas e das manhãs frias, mas ensolaradas. 

Setembro também foi um mês em que dediquei mais tempo ao blogue, ainda que não seja visível esse investimento no imediato. Estou a trabalhar para algo novo, o que exige mais tempo, dedicação e uma motivação acrescida. O facto de ter traçado este objectivo, traduziu-se numa maior fonte de rendimento e estou satisfeita pela mudança. Não será uma diferença incrível mas será, seguramente, algo novo e, neste momento, é disso que preciso. 

Setembro termina em bem e senti-o como uma lufada de ar fresco, o que me deixa expectante para o que trará Outubro.

FILMES | O Herói de Hacksaw Ridge (2016)

Todos os anos, por volta da altura em que são divulgados os filmes nomeados aos óscares, penso sempre que os conseguirei ver todos. Mas o que acontece é que vejo apenas dois ou três, com alguma sorte, e vou vendo os outros à medida que estreiam em televisão. Foi o que aconteceu com O Herói de Hacksaw Ridge que, desde o primeiro trailer, foi acrescentado à minha lista. Gosto de filmes de guerra, emocionantes, realistas e, acima de tudo, credíveis. Gosto ainda mais quando posso aliar a estas características o facto de ser um filme baseado numa história verídica. Para mim é sempre um aspecto determinante na escolha. O factor Mel Gibson na direcção também pesou na decisão.

Escrevo sobre O Herói de Hacksaw Ridge ainda com um nó na garganta e a lembrar os meus olhos em água na noite de segunda-feira passada. Estávamos reunidos em família, na sala, no nosso ritual habitual de inicio de noite, de comando na mão em busca do filme ou série que nos iria fazer companhia, cientes de que provavelmente não iríamos conseguir permanecer de olhos abertos por mais de 20 minutos. Inesperadamente, não foi o que aconteceu. Parei de fazer zapping quando dei conta do filme que estava a dar no TVCine 1, ainda no inicio. Após aprovação de todos, recomecei o filme para vermos os minutos iniciais. E foi uma excelente ideia.

Esta é a história verídica de Desmond Doss, um jovem que combate na Batalha de Okinawa - uma das mais sangrentas da segunda guerra mundial - sem disparar uma única arma. Apesar de Doss compreender a existência da Guerra, acreditava que era errado matar, independentemente das razões. Desta forma, alista-se como médico do exército e, sem pegar numa arma, salva 75 soldados das linhas do inimigo, sozinho, ferido e rejeitado.

Para mim, este foi um testemunho emocionante de força e resiliência de um jovem que poderia ter desistido da sua missão aos primeiros sinais de contrariedade, mas que, de forma surpreendente, resistiu a todas as tentativas de sabotagem às suas crenças, sempre com uma enorme força e vontade de salvar vidas. Não me esqueço do momento "Lord, help me get one more". Fiquei positivamente surpreendida com a entrega de Andrew Garfield - que só conhecia pelo Fantástico Homem-Aranha - a um papel tão cru e emotivo quanto a história permitiu que fosse. Desmond foi um homem incrivelmente altruísta em vida e muito fiel às suas e ideias e crenças, absolutamente merecedor da sua Medalha de Honra. 

Este filme é mais um daqueles que nos apresenta figuras muito pouco, ou nada, conhecidas com um impacto tão positivo e enriquecedor no mundo, que não merecem manter-se apenas em páginas perdidas.

LIVROS | BELGRAVIA, Julian Fellowes



Depois de ver Downton Abbey nunca mais fui a mesma e após a série ter terminado definitivamente, ficou um vazio no espaço que antes era ocupado por uma das produções televisivas que mais gostei de ver até hoje (não sou nada dramática, pois não?). Agora fora de brincadeiras, a verdade é que a qualidade da série - com os seus cenários de época lindíssimos, o guarda-roupa realista, os diálogos ricos e completos - elevou as minhas expectativas no que diz respeito a séries de época e fez-me querer ver (e ler) mais. 

Foi com grande surpresa e agrado que descobri o mais recente livro de Julian Fellowes - o autor da série inglesa - e não demorou muito para que o comprasse, assim que tive a oportunidade. Fiquei imediatamente satisfeita com a capa, mas ao mesmo tempo receei que se tratasse de uma história demasiado semelhante à série, que apesar de ter adorado, procurava agora algo diferente e de leitura mais desafiante. E, em parte, foi o que encontrei. Ainda que seja difícil não fazer comparações entre a série e o livro, é possível dissociar uma coisa da outra, dada a natureza diferente da história de Belgravia.

A narrativa começa em 1815, às portas da Batalha de Waterloo e foca a acção principal num grande segredo que envolve duas famílias - os aristocratas de grandes posses Belassis e os, mais modestos, Trenchard - que não podiam ser mais diferentes. Contudo, para espanto de muitos e desagrado de alguns, os seus destinos cruzam-se e, após 20 anos, começa a ser um problema manter alguns segredos escondidos. Esta é a história principal do livro, ainda que com algumas ramificações. Mas praticamente tudo gira em torno destas duas famílias. 


Belgravia foi uma história que me satisfez, no geral. Confesso que durante os primeiros capítulos tentei apressar a leitura e não senti que estava a ser incrível ou tão interessante quanto esperava. Mas aí atribuo a culpa apenas a mim própria. Pois apesar de achar fabuloso o relato realista da época, do glamour das recepções e das festas, dos costumes conservadores e das relações conturbadas, ansiava por saber qual seria o segredo complicado que alimentaria a história até ao final. E talvez também esperasse mais dos diálogos, confesso. Julian Fellowes habituo-nos a uma riqueza tal que essa era uma das características que esperava ver dominante na sua escrita.

Para quem ainda não recuperou do final de Downton Abbey, este é o livro que entretém, ao mesmo tempo que nos deixa novamente imersos no mundo da aristocracia britânica, no seio de famílias nobres do reino unido. A história não é completamente imprevisível, mas alimenta a curiosidade até ao final. No entanto, se esperam encontrar o tipo de romance tortuoso de Lady Mary e Mathew Crawley ou destinos fatídicos como o de Sybil e Tom, ficarão desapontados. Mas talvez a chave esteja em não nos apegarmos à série e fazermos uma leitura livre de expectativas, suposições e comparações.

BELGRAVIA
Julian Fellowes
402 Páginas

LIVROS | 5 livros para ler até ao fim do ano


Ainda restam três meses a 2017 - e que passem a uma velocidade moderada -, no entanto não estou satisfeita com o número de livros lidos até agora, pois foram poucos, tendo em conta o objectivo estabelecido no início do ano. Desta forma, em jeito de motivação, decidi estabelecer uma lista com alguns dos livros que pretendo ler até ao final do ano. A lista não é apresentada de acordo com nenhuma preferência e os livros não pertencem a apenas uma categoria literária. São bem distintos até. Esta é uma lista que fui criando ao longo de vários meses e que inclui obras que são do meu interesse por várias razões.