RWSP | Abril: Um filme baseado numa história verídica

maio 03, 2017


Quando penso num filme baseado numa história verídica penso, inevitavelmente, no Titanic (1997). Não consigo ser mais original do que isto. Podia falar-vos de mil-e-um filmes dentro desta categoria, porque há tantos e tão marcantes, mas acho que nenhum outro me abalou tanto e durante tanto tempo quanto este. Recentemente vi e revi The Finest Hours e In The Heart of The Sea e acho que tenho uma queda por tragédias e mar. Mas o Titanic terá sempre um lugar cativo no meu coração. 

Não me lembro da primeira vez que o vi - sei que foi durante a escola primária -, nem consigo contabilizar as vezes que o revi. Foram muitas, assumo. Posso vê-lo em qualquer altura, qualquer que seja o meu estado de humor e sei de cor a maioria das falas e a cronologia dos acontecimentos. Mas porque nunca é demais, voltei a revê-lo este ano. E duas décadas depois da estreia, ainda o considero um filme de destaque e que irei guardar na memória durante anos. Não porque me identifico com a história - felizmente -, ou porque se trata apenas de uma história de amor linda e trágica - que é -, mas porque foi grandioso, marcante e uma obra cinematográfica de grande qualidade, na minha modesta opinião de espectadora. É um filme inspirador, cativante e que me faz acreditar no amor. Sempre.
As razões que me levam a eleger o Titanic como um dos melhores filmes de sempre, na categoria das histórias verídicas, são várias e partilho-as convosco.

Retrata as grandes diferenças sócio-económicas
Titanic era considerado o navio dos sonhos. Enorme, luxuoso e deslumbrante. Nele embarcaram 1316 passageiros e apesar de ter sido pensado para ser o navio mais luxuoso da época, destinado a passageiros das mais elevadas classes, como empresários, artistas, políticos ou militares, a maioria dos passageiros pertencia à terceira classe, que incluía imigrantes de diferentes partes da Europa. A divisão era evidente - Estes passageiros foram os únicos sujeitos a rigorosos controlos sanitários, a fim de evitar possíveis contaminações e as suas instalações e acomodações eram mais modestas e ficavam situadas nos conveses inferiores, longe dos passageiros da primeira e segunda classe. 


Aborda a questão das doenças mentais
Numa altura em que era raro falar-se de doenças mentais, ainda mais raro sobre suicídio, em Titanic assistimos ao abordar da temática, através da personagem Rose, que se sente negligenciada, incompreendida e sozinha e que vive encurralada numa vida com a qual não se identifica, ao ponto de considerar o suicídio como a sua única saída. Considero que foi um pormenor importante na construção desta personagem, pois apesar de, à partida, Rose ter tudo aquilo que uma jovem da época desejaria, não tinha a liberdade de poder fazer as suas escolhas e de viver a vida como queria. É uma abordagem realista, que se ajusta e que é transversal a qualquer cenário e época.


A qualidade do elenco
É incrível a quantidade de bons actores que estão presentes no filme. Bill Paxton, Kathy Bates, Victor Garber, Kate Winslet, Leonardo DiCaprio, todos no mesmo filme? Tinha tudo para dar certo, verdade? E deu. A qualidade da representação é tão boa, que seria difícil não criarmos uma ligação com as personagens. 


O Jack e a Rose
Claro! Podem argumentar que é a típica história de amor entre a rapariga rica e o rapaz pobre. É sim. Mas a diferença e o segredo do sucesso desta dupla está na sua vulnerabilidade, na sua transparência e na sua entrega - e claro, no talento da Kate e do Leonardo -. São uma das minhas duplas preferidas no cinema e fazem-me sempre suspirar na mítica "You jump, I Jump". É certo que é apenas um filme, mas um filme que resultou e que me fez acreditar nestas duas personagens. Ela foi capaz de ver para lá do rapaz pobre, de terceira classe. E ele viu nela mais do que uma raparia bonita e rica. O seu amor foi sincero, real e poderoso, desafiando todos padrões da época.


É um embate com a realidade
É impossível ficar indiferente à tragédia que é o foco principal do filme. Ver um filme destes, com esta carga emocional, perceber que aconteceu de verdade e pensar na quantidade de vidas que se perderam, faz-nos colocar as coisas em perspectiva. Porque, de facto, nunca sabemos o dia de amanhã. Podemos achar que temos tudo controlado, fazer inúmeros planos e pensar em infinitos cenários e, mesmo assim, ter um desfecho completamente inesperado. Porque nada é certo, nem garantido. Nem nenhum navio é inafundável


É uma mensagem de esperança
Apesar de terminar sempre de coração apertado e de olhos vermelhos de tristeza, o Titanic faz-me acreditar que o amor existe. Sempre tive a sensação de que o filme pretendia transmitir uma mensagem de esperança, a esperança no amor e na sua capacidade de vencer, quaisquer que sejam as circunstâncias. E mesmo quando o desfecho é trágico ou não é o que esperamos, não quer dizer que a história tenha sido menos rica, ou que esse amor não tenha prevalecido. Pelo contrário. Prevalece a memória feliz de uma história que, apesar de curta, foi mais rica em verdade e sentimento do que muitas outras.


Para muitos o Titanic é, e sempre será, um cliché romântico, mas para mim é muito mais do que isso. Foi o filme que moldou a minha forma de ver filmes - românticos, baseados em histórias verídicas, dramas, históricos, de todo o tipo -. E arrisco-me a dizer que foi o filme que elevou os meus padrões e expectativas relativamente aos relacionamentos. Titanic fez com que, até hoje, desejasse um dia dançar ao som de música irlandesa, com a minha cara metade e uma caneca de cerveja nas mãos - apesar de não gostar de cerveja (*suspiros*).

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7 Comentários

  1. Conheço muitas pessoas que amam o filme mas eu não consigo. Vi pela primeira vez muito pequena e é claro que não tinha a perspicácia para assimilar tudo. Mas já depois de adulta já o revi algumas vezes mas simplesmente não me chega a mensagem.
    Mas a nível de imagem e som está lindo.
    Beijinho

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  2. Só a algumas semanas é que vi o filme completo e também já vi o The Finest Hours. Também tenho um "fascínio" por filmes no mar, sobretudo se meter guarda costeira etc ao barulho. Sempre admirei essas pessoas.

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  3. Há filmes que ficam para sempre na memória, e este é um deles.

    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  4. É um filme lindo, apesar de triste...

    Beijinhos e bom domingo ^^
    O blog da Mó | Instagram

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  5. Também já perdi a contas ao número de vezes que vi esse filme. É mesmo lindo, uma grande obra cinematográfica como tu dizes :).
    Adorei a maneira como analisaste o filme, concordo plenamente.
    Beijinhos,
    Cherry
    Blog: Life of Cherry

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